segunda-feira, fevereiro 26, 2007

o tempo

não me tenho ligado muito, essa é a principal razão de não vir aqui há tanto tempo... o projecto "lado a lado" está em fase de misturas. escolhemos as versões que estavam melhores e esse alinhamento seguiu para estúdio onde o Fernando Abrantes ( técnico com quem gravei "A cor da fogueira" com o Zé Sarmento como produtor ) tem estado a trabalhar o som de cada instrumento para nos mostrar uma primeira abordagem das misturas já esta sexta feira. o Fernando é um grande profissional e é de um rigor imbatível, é muito bom contar também com ele.
hoje tivemos reunião para ver a proposta de capa e para escolher fotografias. as fotografias, só por si, contam uma parte da "história" deste projecto e é isso que vamos tentar que a capa transmita: os vários momentos de um trabalho que foi de tanta gente.
confesso que fiquei muito cansada depois da gravação e precisei desligar um bocado para recuperar forças. como estive doente tanto tempo e não podia mesmo cantar, o tempo que tivemos para preparar este disco foi muito curto e os ensaios tiveram de ser muito intensivos para conseguirmos cumprir os prazos que nos tinhamos proposto. isso, e a maratona que foram o ensaio geral e a gravação do espectáculo, fez com que acabássemos todos completamente rebentados.
agora já deu mais que tempo para descansar e ouvir com a distância necessária tudo o que se fez. gosto muito da versão que gravámos do "Paciência" do Lenine. gosto imenso da versão do "Aqui dentro de casa" do José Mário Branco e gosto especialmente da oportunidade de podermos fazer esta homenagem a um tão grande compositor português. gosto também muito do arranjo cheio de espaço do "Cada lugar teu", que nos deu espaço a nós para sentir a canção de outra maneira. e continuo a gostar de "O dia mais longo" do João Pedro, que é a canção dele com que mais me identifico neste projecto. 2ªfeira vamos escolher os ( em princípio...) cinco temas que virão também em dvd ( na edição especial do cd ) e muito em breve o single vai começar a tocar nas rádios.
no outro dia ( quando foi a gala da tvi ) a caminho do Casino, para o ensaio geral, parei com o Filipe no Alcatruz para almoçarmos e estivemos a falar sobre esta coisa extraordinária que é o tempo, tudo o que vivemos e nunca conseguimos agarrar completamente, as coisas a passarem por nós a uma velocidade incontrolável, a escaparem das nossas mãos, a serem tempo, passado, outra vez, depois de terem sido o que eramos nós naquele momento. os nossos dias, os nossos pensamentos, as nossas emoções, o nosso entusiasmo e o nosso cansaço, os almoços "muito em cima da hora", o tal pequeno almoço no café que nunca aconteceu. agora já não são esses os nossos dias. esse, agora, é só tempo que se guardou, inteiro, com todos os momentos e todas as histórias que o fazem ser um tempo, inteiro, para lembrar.
afinal deve ser essa a única maneira de podermos agarrar o tempo, de não o deixarmos escapar completamente, é vivê-lo tão intensamente que ele fique gravado na nossa memória e na nossa pele, inteiro, presente, impossivel de esquecer.